Charge it, zoom it, press it.

Daft Punk sacudiu o mundo!

Não me recordo de um lançamento tão poderoso e com tamanho impacto na indústria do entretenimento como este do Daft Punk, do seu novo álbum “Random Access Memories”. Acho que desde Thriller de Michael Jackson, não me lembro de algo assim tão impactante. Claro que não dá pra comparar as ferramentas disponíveis hoje com as da época dos zumbis de Michael, mas essa dupla francesa que se esconde debaixo de futurísticos capacetes prateados e vestem roupas desenhadas pelo estilista da Ives Saint Laurent, Hedi Slimane, conseguiu chamar a atenção do mundo inteiro, seja você um amante da música eletrônica ou não, com o marketing deste álbum. Se você não ouviu falar deles, você provavelmente não mora na Terra.

Tudo foi pensado e cuidado com uma maestria ímpar. Foi construído um grande quebra-cabeças que a cada nova peça, despertava-se uma nova curiosidade e interesse. “Random Access Memories”, captaneado pelo seu hit Get Lucky, já detém a marca da música mais ouvida num só dia no Spotify: só 28 milhões de vezes!!!

O hit sem dúvida, não é a toa. A música simplesmente tem o swing assinado pelo rei do groove, lenda viva e hit maker Nile Rogers, e vocais do rapper Pharrell Williams. Nile Rogers foi o líder da banda disco Chic e coleciona sucessos com Duran Duran, Bowie e Madonna, só pra citar alguns.

A estratégia contou com inúmeras ações e teve início ainda em 2008, quando a dupla fez sua primeira participação ao vivo para a TV, junto com o rapper Kanie West, no Grammy de número 50. A partir dali, a dupla prometia um novo futuro após o fracasso do seu último álbum, “Human After All”, de 2005.

Em 2010, participaram de um viral para a Adidas junto com a turma de Star Wars e David Beckham em 2011, participaram de surpresa do show dos seus compatriotas do Phoenix no Madison em NY. A Coca entrou na onda dos robôs e lançou a Daft Coke, que virou peça de colecionador no mesmo instante, e até num episódio dos Simpsons eles apareceram.

Num pequeno teaser de 15s no intervalo do Saturday Night Life, o foguete foi lançado. Há muitos anos já não se usava esse tipo de mídia para fazer lançamentos de discos, e a resposta foi instântanea: o site da banda caiu nos 4 segundos seguintes. Focados em aparecer em ícones da cultura de massa e com um ar um tanto quanto vintage, foram capas da Rolling Stone e começaram a aparecer em outdoors de NY. Não por acaso, colados junto ao começo do grande evento de mídia e novas tendências, o SXSW. Os outdoors foram quase que instantaneamente compartilhados no Twitter de milhares de pessoas e ajudaram a fomentar ainda mais a aura de mistério em torno da banda. Dois grandes outdoors foram ainda instalados na entrada do festival Ultra Music Festival de Miami, e fez com que os fãs do dance floor se sentissem também, parte daqueles rumores. Pra deixá-los ainda mais ligados, máscaras com a cara dos robôs foram distribuídas no festival.

A partir daí, cada detalhe do disco passou a ser notícia. O simples registro das 13 faixas pela Sony no departamento de música, se tornou um buzz mundial. E com um novo teaser de 15s anunciando a pré-venda do single no iTunes, fez com que o pequeno trecho da música do teaser, já contasse com inúmeros remixes e extended versions e até loops infinitos produzidos por fãs na manhã seguinte.

Pra contar toda essa história, uma série chamada The Collaboratorsdentro do The Creators Project, contou com depoimentos de todos os músicos e produtores envolvidos, aumentando ainda mais a expectativa. Nile Rodgerscontou como foi a sua participação no disco, e sátiras até com um suposto entregador de pizza foram criadas por um site de comédia.

Um release é postado no Vine – a sensação do momento do vídeo sharing. Ao mesmo tempo que Julian Casablancas (Strokes), Panda Bear, Todd Edwards e DJ Falcon também confirmam suas participações no álbum e juntam-se a Pharrell, Nile Rodgers, Giorgio Moroder, Chilly Gonzales e Paul Williams. Get Lucky é enviado como single a todas as rádios e rapidamente alcança o topo das paradas. Cruzando culturas e fronteiras tão díspares como Russia, Singapura e Alemanha.

O lançamento do álbum não foi, como era de se esperar, numa grande metrópole, mas sim numa cidade de apenas 2.100 habitantes na Austrália – a cidade de Wee Wea – capital do algodão australiano! Acredito que tenha sido escolhida para criar esse frison pela inventividade e por ser o local que abre o fuso horário de um novo dia no mundo. Entrevistas na mídia internacional também começam a ser dadas. A primeira também para uma rádio australiana, e depois para a BBC.

Com um ar vintage e futurista, um novo vídeo é postado mostrando os robôs abrindo e colocando pra tocar em primeira mão o vinil numa vitrola. E pra finalizar, neste domingo, a Lotus correu o GP de Mônaco vestida de Daft Punk, após o anúncio de vários video-teasers pra fomentar a notícia e até um toy-art pra você montar em casa.

Não foi apenas o lançamento de um novo álbum de uma banda pop. Foi um verdadeiro assalto! Criou-se mais do que notícias. Criou-se conteúdo e um círculo criativo que a todo momento, trazia surpresas não só pra eles, mas também, e principalmente, pra toda a sua audiência. Foi Punk! Foi pra aplaudir de pé. Clap, clap, clap.

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